segunda-feira, 14 de maio de 2012

Depois da consulta nacional com Atores Sociais a CEDEAO indigitou Manuel Serifo Nhamadjo para Presidente de Transição



Manuel Serifo Nhamadjo, até aqui presidente em exercício da Assembleia Nacional Popular, é a figura escolhida, desta vez, pela missão da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) para dirigir os destino da Guiné-Bissau no período de transição de 12 meses.

O anúncio do nome foi feito pelo ministro dos Negócios Estrangeiros da Nigéria, Leanin Mohamed, chefe da missão da CEDEAO que também integrava o ministro dos Negócios Estrangeiros da Costa do Marfim e os respetivos chefes de Estado-Maior das Forças Armadas desses países.

A indigitação de Manuel Serifo Nhamadjo surgiu depois de uma longa reunião tida em Bissau que juntou a delegação da CEDEAO, Comando Militar, os políticos e a sociedade civil, na qual a missão sub-regional deu explicações sobre a mini-cimeira desta organização realizada em Dakar, no Senegal e da reunião da Organização das Nações Unidas, tida em Nova Iorque, Estados Unidos da América.

Segundo o Leanin Mohamed, a escolha de Manuel Serifo Nhamadjo está em estrita obediência a Constituição da República da Guiné-Bissau, no seu artigo 71º.
A CEDEAO após ter mantido consulta com atores sociais guineense, concorda com a escolha da maioria dos intervenientes de que o presidente da Assembleia Nacional Popular assumirá o cargo de Presidente de Transição.

Após o anúncio do nome pela CEDEAO, Manuel Serifo Nhamadjo revelou que vai indicar um Primeiro-Ministro de consenso e pediu a colaboração de todos os guineenses. “Juntos, temos que levar esse barco para um bom porto”, disse o novo Presidente de Transição que aposta esforçar-se com seriedade e dedicação para convencer o mundo. Serifo Nhamadjo que assegurou de que vai trabalhar para que todos os guineenses se sentam incluídos, recebeu as primeiras felicitações por parte de Koumba Yalá, o líder do maior partido da oposição guineense, o PRS, que o tratou por Presidente.
Por sua vez, o PAIGC disse que não vai reconhece o Manuel Serifo Nhamadjo e com efeito aguarda a decisão do Conselho de Segurança das Nações Unidas.

A posição do PAIGC foi transmitida pelo secretário nacional dessa formação política, Augusto Olivais: “O PAIGC não aceita nenhuma solução anti-constitucional”, sublinhou Olivais justificando que a decisão da CEDEAO mostra uma posição de dar razão aos golpistas o que no seu entender é mau para o país, para a sub-região e a para África em geral. Augusto Olivais que se fazia acompanhar por vários dirigentes do PAIGC informou que não reconhece a forma como a CEDEAO está procedendo.

Nessa reunião de Bissau, a CEDEAO voltou a afirmar que o regresso do Raimundo Pereira, como Presidente da República Interino e o Carlos Gomes Júnior, como Primeiro-Ministro, cargos que ocupavam antes do golpe de Estado, está fora da questão.

Depois dessa decisão da CEDEAO, falta agora fazer regressar à procedência a Missão Militar Angola (MISSANG), que é também vista com maus olhos por alguns países da sub-região, nomeadamente o Senegal, a Costa do Marfim, a Nigéria e o Burquina-Faso. Aliás, diante da CEDEAO não pode instalar-se em nenhum país da sub-região uma força militar não autorizada, o pior que tudo, pertencente uma outra zona económica diferente.

Recorde-se que a indigitação de Manuel Serifo Nhamadjo ocorreu um dia depois de a viúva do falecido Presidente João Bernardo Vieira (Nino) e o seu advogado terem deslocado à Costa do Marfim para entregar uma carta ao Presidente em Exercício da CEDEAO, Alassana Outtara, pedindo que sejam criadas as condições necessárias em Bissau para o julgamento dos autores do assassinato do seu marido.