Manuel Serifo Nhamadjo, até aqui presidente em
exercício da Assembleia Nacional Popular, é a figura
escolhida, desta vez, pela missão da Comunidade Económica dos Estados da África
Ocidental (CEDEAO) para dirigir os destino da Guiné-Bissau no período de transição
de 12 meses.
O anúncio do nome foi feito pelo ministro dos Negócios
Estrangeiros da Nigéria, Leanin Mohamed, chefe da missão da CEDEAO que também
integrava o ministro dos Negócios Estrangeiros da Costa do Marfim e os respetivos
chefes de Estado-Maior das Forças Armadas desses países.
A indigitação de Manuel Serifo Nhamadjo surgiu depois
de uma longa reunião tida em Bissau que juntou a delegação da CEDEAO, Comando
Militar, os políticos e a sociedade civil, na qual a missão sub-regional deu
explicações sobre a mini-cimeira desta organização realizada em Dakar, no
Senegal e da reunião da Organização das Nações Unidas, tida em Nova Iorque,
Estados Unidos da América.
Segundo o Leanin Mohamed, a escolha de Manuel Serifo
Nhamadjo está em estrita obediência a Constituição da República da
Guiné-Bissau, no seu artigo 71º.
A CEDEAO após ter mantido consulta com atores sociais
guineense, concorda com a escolha da maioria dos intervenientes de que o
presidente da Assembleia Nacional Popular assumirá o cargo de Presidente de Transição.
Após o anúncio do nome pela CEDEAO, Manuel Serifo
Nhamadjo revelou que vai indicar um Primeiro-Ministro de consenso e pediu a
colaboração de todos os guineenses. “Juntos, temos que levar esse barco para um
bom porto”, disse o novo Presidente de Transição que aposta esforçar-se com
seriedade e dedicação para convencer o mundo. Serifo Nhamadjo que assegurou de que vai trabalhar
para que todos os guineenses se sentam incluídos, recebeu as primeiras
felicitações por parte de Koumba Yalá, o líder do maior partido da oposição
guineense, o PRS, que o tratou por Presidente.
Por sua vez, o PAIGC disse que não vai reconhece o
Manuel Serifo Nhamadjo e com efeito aguarda a decisão do Conselho de Segurança
das Nações Unidas.
A posição do PAIGC foi transmitida pelo secretário
nacional dessa formação política, Augusto Olivais: “O PAIGC não aceita nenhuma
solução anti-constitucional”, sublinhou Olivais justificando que a decisão da
CEDEAO mostra uma posição de dar razão aos golpistas o que no seu entender é
mau para o país, para a sub-região e a para África em geral. Augusto Olivais que se fazia acompanhar por vários
dirigentes do PAIGC informou que não reconhece a forma como a CEDEAO está
procedendo.
Nessa reunião de Bissau, a CEDEAO voltou a afirmar que
o regresso do Raimundo Pereira, como Presidente da República Interino e o
Carlos Gomes Júnior, como Primeiro-Ministro, cargos que ocupavam antes do golpe
de Estado, está fora da questão.
Depois dessa decisão da CEDEAO, falta agora fazer
regressar à procedência a Missão Militar Angola (MISSANG), que é também vista
com maus olhos por alguns países da sub-região, nomeadamente o Senegal, a Costa
do Marfim, a Nigéria e o Burquina-Faso. Aliás, diante da CEDEAO não pode
instalar-se em nenhum país da sub-região uma força militar não autorizada, o
pior que tudo, pertencente uma outra zona económica diferente.
Recorde-se que a indigitação de Manuel Serifo Nhamadjo
ocorreu um dia depois de a viúva do falecido Presidente João Bernardo Vieira
(Nino) e o seu advogado terem deslocado à Costa do Marfim para entregar uma
carta ao Presidente em Exercício da CEDEAO, Alassana Outtara, pedindo que sejam
criadas as condições necessárias em Bissau para o julgamento dos autores do
assassinato do seu marido.